quinta-feira, 17 de março de 2011

Ceticismo

Desci um dia ao tenebroso abismo
Onde a dúvida ergueu altar profano;
Cansado de lutar no mundo insano,
Fraco que sou, volvi ao ceticismo.

Da Igreja - a Grande Mãe - o exorcismo
Terrível me feriu, e então sereno,
De joelhos aos pés do Nazareno
Baixo rezei, em fundo misticismo:

- Oh! Deus, eu creio em ti, mas me perdoa!
Se esta dúvida cruel qual me magoa

Me torna ínfimo, desgraçado réu.

Ah, entre o medo que o meu Ser aterra,  
Não sei se viva p’ra morrer na terra,
Não sei se morra p’ra viver no Céu!                                                                    

                       - Augusto dos Anjos, 22/dez/1900 -


(Arte de Foca Cruz, desenhista curitibano. http://focacruz.wordpress.com)

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